A verdadeira estória de Caminhão



Caros engenheiros químicos e "protótipos de". Na coluna deste mês, apresentamos a matéria sobre a verdade da volta do Caminhão para Rondônia. Num grande esforço jornalístico investigativo, o Bláu-Bláu apurou que, por trás do retorno, estava um rabo de saia, ou melhor, uma tanga e um cocar. Trata-se do amor secreto do Caminhão, que descrevemos a seguir:

Tudo começou em 1988 quando o clã Bertelli deixou a metrópole para desbravar a selva amazônica. Lá, entre cobras e lagartos, Caminhão desfilava suas medeixas castanhas curtindo a natureza e fazendo a alegria dos garimpeiros clandestinos.

Mas eis que de repente, entre cobras e lagartos, uma jaguatirica enraivecida avança sobre o indefeso, (imagine se fosse "defeso"), Caminhão:

"- Socorrrro, socorrro !!!"

Mas a jaguatirica enraivecida não curtia boiolas gigantes de cabelos castanhos e avançou sobre o pobre Caminhão.

"- Sai jaguatirica, sai jaguatirica !!!"

Em apuros, desamparado mas ainda vivo, Caminhão pensou que aquele seria o seu fim.

Mas eis que de repende de novo, entre cobras e lagartos, o grande guerreiro Espiga Comprida, da tribo dos Lambe-Lambe aparece para salvá-lo. Após atracar-se com a jaguatirica enraivecida, o grande guerreiro colhe um ramo de camélias-do-campo (não me pergunte que diabos camélias-do-campo estavam fazendo no meio da amazônia) e presenteia o donzelo indefeso.

Era o começo de um romance bucólico. Todas as tardes, Caminhão passeava, entre cobras e lagartos, com seu amado Espiga Comprida pela selva amazônica.

Os dois viviam felizes para sempre até que um dia fiscais do Ibama, prendem Espiga Comprida por agredir a jaguatirica enraivecida, que estava ameaçada de extinção.

Aproveitando-se da ausência do líder dos Lambe -Lambe, a tribo hostil dos Nhame-Nhame liderados pelo grande Carca-Vara ataca a vila dos Bertelli. Após uma batalha sangrenta, os Nhame-Nhame invadem a vila dos Bertelli e capturam o donzelo Truck.

"Oh, meu deus!!" - pensou ele - "perderei minha virtude para esse bando de silvícolas"

Mas eis que novamente, entre cobras e lagartos, surge Espiga Comprida e desafia o líder Carca-Vara para um combate corpo a corpo pelo direito de Ceci, que dizer, Caminhão. Após um combate nababesco, Espiga comprida derrota Carca-Vara mostrando qual o guerreiro que tem o maior tacape.

A felicidade sorria de novo para o par romântico da selva, Tarzan e Jane, quero dizer, Caminhão, e Espiga Comprida.

Mas a essa altura do campeonato, Caminhão já era um jovenzinho e Don Bertelli necessitava de um herdeiro para o império de laticínios da família e resolve mandar Caminhão de volta à metrópole para estudar. Caminhão, em desespero, procura Espiga Comprida em seu reduto de amor, uma seringueira milenar, ao lado de uma lagoa onde morava um peixe-boi. Espiga aconselha:

"- Amado cara-pálida Caminhão, faça a vontade de Don Bertelli, serão só cinco anos (Espiga Comprida não conhecia a Poli), eu te esperarei aqui, na nossa seringueira."

Como um sinal de sua devoção, Espiga Comprida, entalha na milenar seringueira um coração flechado com os dizeres: "ESPIGA LOVES TRUCK" em Tupi-Guarani.

E Caminhão parte pra São Paulo, passa no vestibular e entra na Poli. O início da faculdade foi difícil e causou a primeira crise do casal. Após receber várias cartas de Caminhão onde este dizia estar levando vários nabos, Espiga Comprida ficou com ciúmes achando que Caminhão o estava traindo com um guerreiro da cidade grande. Foram necessárias muitas cartas e juras de amor em tupi-guarani, para desfazer o mal-entendido.

Mas passaram-se os cinco anos e Espiga Comprida partiu para a Seringueira milenar ao encontro de Caminhão. Espiga esperou, esperou, esperou e nada; então, em desespero, rezou para Tupã, na esperança de receber uma luz sobre o paradeiro do amado. E heis que atendendo a suas preces, o céu se abriu e Tupã falou com voz retumbante:

"-ESPIGA, meu, cê viaja. O cara tá na Poli, tá sonhando que ele ia sair em 5 anos! Volta ano que vem. Mas num garanto nada, porque ele tomou pau de OP-3."

Um ano depois, Espiga estava na Seringueira de novo e nada do Caminhão aparecer. Novamente Tupã fala com voz retumbante:

"-Espiga. Sujou! O Cara ainda tem que fazer matéria do Song! Volta ano que vem."

Nesse instante Espiga ouve um grunhido e percebe que da lagoa, falava o peixe-boi em peixeboiês:

"-Cornoooo!, Cornooooo!, Cornoooo!"

Desiludido e de coração partido, Espiga decide esquecer o seu amor e partir daquela floresta que foi tão cruel para ele e parte para Hollywood onde arruma um trabalho de figurante no Dança com Lobos.

Mas eis que mais um ano se passa e Caminhão enfim se forma. Ao pegar o canudo (e que pegada!) Caminhão parte para a velha seringueira ao encontro de Espiga Comprida. Mas a seringueira não estava mais lá! Só havia o toco de seu outrora massivo tronco, em seu lugar erguia-se um novo garimpo. O peixe-boi também já não era mais o mesmo, estava boiola e sofrera mudança de sexo devido a contaminação de mercúrio na lagoa e agora parecia mais um Rato. Caminhão ficou desolado e caiu aos prantos ao pé do toco da seringueira:

"- Espiga. Por que me abandonastes?"

Mas nesse instante, Caminhão se vê rodeado por um bando de garimpeiros matando cachorro a grito, quando um deles fala:

"- Aí rapaziada, tem carne nova no pedaço he,he."

E foi assim que terminou o romance entre Caminhão e Espiga Comprida. Caminhão é hoje a "mulézinha" mais requisitada do bordel de Lady Mariella, enquanto de Espiga, nunca mais se ouviu notícias.

No próximo número: O Suruba da Globalização na Brigadeiro Luís Antônio


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